sexta-feira, 27 de agosto de 2010

dolorido nascer das brumas, bruna

convulsões do nascimento
caloroso este útero
onde me protejo

alto lá!
2 de outubro logo bate à porta
ulalá! seja bem-vinda, bem-amada
bebezinha de cabelos negros
sorriso largo, mente clara
decidida a nascer
no dia do anjo de guarda

todos os budas te abençoem
todos os anjos te protejam
bruníssima, morena
filha única, preciosa
de meu irmão caçula

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

três vezes santo


deus cuida dos lírios do campo
deus cuida das aves do céu
deus cuida de elisa
minha filha branca

sábado, 26 de junho de 2010

glup!

ângelo, meu grande amorzinho
meu tudo em tanto

se chego em sua casa
antes do bom-dia, dos abraços
vem logo me colocando a par
de minha vida

sabia que você
é mãe da minha mãe?
 
maio/2010
julho/2010

sexta-feira, 25 de junho de 2010

nascido em 18 de abril

 joy, the little guy
 nascido no dia do livro infantil
 dia do amigo -- u-auau
 sua vida, leitura escancarada
 nos dentes

 vítima de bullying dos cavalões
 não traz desaforo
 pra casinha

 salta (n)as feras
 é bom não encarar

 7x7 = 49 anos
 quase cinquentão
 mordendo
 pra cachorro
 [Joy... Não provoque! É cor-de-rosa tropa-de-choque.]

sábado, 27 de março de 2010

AI DE TI, HAITI!


Márcio Almeida

Ai de ti, Haiti!
Cloaca da miséria a perguntar ao mundo
se Deus existe.
Entulho da morte, pátria do caos.
Ai de ti, carniça viva
a dar azia em urubu.
Nação a mando do diabo,
do açúcar acre, do carvão sem cinza,
do exército cômico para deleite de Guerrit Verschuur,
da vida a menos de um dólar,
da única universidade soterrada no desconhecimento
de sua fragilidade sísmica.
Ai de ti, cemitério a céu aberto
como seus esgotos, suas heresias no Palácio dos Milagres,
suas feridas abertas na História,
suas dinastias que Papa e Baby DOCumentam o horror da desgraça
que não cessa,
seu jugo estrangeiro a quem em inglês, francês, espanhol ou vudu
exauriu seu solo, furtou seu pouco de nada, anulou seu futuro.
O inferno pó-moderno teve seu apocalipse trêmulo
e chama-se Haiti.
Subserviência sob domínio da fome,
Terra morta por terremoto,
entre saques e violência,
povo sem sinapse com o real,
em fuga sem para onde,
aeroporto sem destino,
Porto Príncipe sob a realeza mundo-cão.
Que os seus mortos adubem a esperança,
que seus políticos de mentira aprendam com a finitude,
que suas ajudas humanitárias
reconstruam o que seu povo nunca teve,
que suas ruínas ensinem a ouvir
entre vozes de concreto o apelo
de barrigudinhos-catarrentos,
que seu cheiro pútrido chegue aos salões de festa,
às mesas fartas, aos bunkers dos G8,
aos cultos e aos discursos dos poderosos.
Ai de ti, Haiti!
Agora que a Natureza te riscou do mapa
e abalou o alicerce do planeta,
e que o mundo, solidário ao seu castigo por existir
escravo de tudo e todos,
possa, Haiti, vingar como veneno tardio
a única certeza de Deus não morrer antes
de um dia te ver feliz.



Contato do Márcio Almeida, em Biografia.